Hunter x Hunter - Interpretativo
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leo2207
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Nick no RRPG : leo2207
Masculino
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Personagem : Nôra Tadeu
Ofício do Personagem : ???
Cor da Aura : Dourado

[Honda] Nôra Tadeu  Empty [Honda] Nôra Tadeu

Ter Jul 11 2017, 12:03
[Honda] Nôra Tadeu  Ac0b0237b0f8e5fc96ab3233bb538865
Nick no RRPG: leo2207

Nome do personagem: Nôra Tadeu
Idade: 17 anos
Sexo: Masculino
Altura: 1,78 m
Peso: 62 Kg
Tipo sanguíneo: AB+
Categoria de NEN: Reforço
Sonhos e ambições:

"Ser puramente livre, independente e simplesmente único no mundo!"
"Mudar o mundo e conhecê-lo melhor do que ninguém, voar com suas próprias asas por ele!"
"Encontrar Mikaela!"

Personalidade:

Nora foi um homem diretamente moldado pelo meio em que foi forçado a viver, era o que teoricamente todos ali naquele lugar se tornaram e claro, contavam com ele, mas não. Nora sempre foi um garoto puramente independente e para muitos deles, provavelmente estão certos dessa vez, "louco". Mesmo vivendo naquela pequena espécie de inferno e sendo cansado por ele dia após dia ele sempre se manteve de pé, talvez pelo simples fato de ser um clássico tipo de homem cabeça-dura e em que acreditava ter algo muito maior guardado para si do que apenas aquela "pequena prisão", na verdade desde pequeno Nora sempre se agarrou ao único desejo que parecia fazer significado a sua vida, era algo teoricamente simples para ele, muitos diziam desejar o mesmo, mas esqueciam do significado mais básico dela ou pior do que isso retiravam a dos outros, Nora sempre quis ser puramente livre, independente e simplesmente único. Porém, mesmo sem nunca abandonar esse desejo, Nora como todos os escravos fora, teoricamente, "domesticado" pelo medo e principalmente pela dor, pelo menos tentaram da maior quantidade e "qualidade" possível, graças a isso boa parte do seu corpo perdeu o sentido de dor e não apenas no sentido físico, na verdade, influênciando diretamente em seu psicológico, se antes daquilo tudo sua personalidade sempre foi impulsiva e obstinada agora era destemida sem motivos nenhum, Nora nunca prendeu suas ações de nada que julgasse certo, sempre agindo quando vesse que fosse possível e até mesmo quando não fosse possível. Porém, não muda o fato que é extremamente egoísta quanto a isso, exatamente por ser impulsivo, seus atos sempre sobem a cabeça e sem se importar com as consequências que seu corpo ou mente pudessem sofrer sempre tentava mudar o obstinado, se julgasse correto. Gerando, claro, diversas punições ao seu antes tão frágil corpo que fora marcado diretamente em seu estado mental ao inves de apenas no psicológico, foi o jeito da sua mente/corpo se proteger de todas as dores e maldições que a vida parecia ter imposto em suas costas, ele sempre tentava se forçar a se mostrar mais forte do que realmente era, sempre buscava isso e claro, sempre buscou sua tão sonhada "liberdade", quase que de maneira masoquista e sádica, era irônico que quanto mais sofria, quanto mais se via perdido, mas poderoso parecia ser seu "despertar". Cheio de cicatrizes pelo corpo, toda vez que dorme é lembrado em seus sonhos e pesadelos dos dias que passou naquele lugar ou era, até finalmente se ver "livre" de uma daquelas maldições, depois do evento que mudara sua vida por completo Nora nunca mais sonhou ou teve pesadelos durante o sono, fora agraciado com a "gentileza" da escuridão e "afeto" da solidão. Mas nunca foi algo desejado... Nora é viciado em histórias de heróis e bem-feitores que seguiam apenas seu ideias como forma de guia, cercado de amigos e pessoas que realmente pudessem confiar, por mais que fossem poucas, seu temperamento é facilmente alterado quando qualquer uma delas é posta em um perigo muito grande e geralmente sempre faz de tudo para mantê-las a salvo, na verdade, sempre tenta proteger aqueles que julgar ser mais fracos e principalmente aparentam precisar de ajuda de forma puramente instintiva. Talvez seja por isso que mesmo sofrendo tanto ele quase nunca retirava o sorriso em seu rosto, nunca perdia o brilho em seus olhos tão únicos, provavelmente é por ser um garoto tão "puro", "sonhador", "ingênuo" e principalmente "louco" que realmente acredita que pode "mudar o mundo e conhecê-lo melhor do que ninguém" enquanto tenta entender puramente o verdadeiro significado de ser livre!

Descrição da aparência:

Nora, possui um corpo levemente definido, mas nada muito chamativo, impressionantemente está na média em questão de altura e principalmente em questão de peso para homens humanos da sua idade, possui uma boa distribuição de peso graças aos exercícios diários que seu corpo foi forçado por anos a aguentar durante o período de escravidão árdua que foi obrigado a passar, seu corpo é gravemente marcada por diversas cicatrizes rudes desenhadas perfeitamente pelos golpes de chicotes que seus sonhos julgados por todos, tão infantis, são marcações de golpes numerosos que geraram cicatrizes de pequeno-médio porte  distribuídas por toda a extensão do seu corpo focadas principalmente em seus membros superiores, inferiores e no peitoral, já de grande porte distribuídas quase todas sobre suas costas. Mas, talvez, por pura sorte Nora não obteve nenhum ferimento mais grave que o faça lembrar desse tempo tirando exatamente as cicatrizes. Nora também possui um par de olhos completamente incomuns no resto do mundo, suas íris possuem um amarelado único que para muitos, assim como os fios do seu cabelo, lembram fios de um metal extremamente raro e dourado. Sua pele possui um tom branco, mas graças a sempre tão extensa exposição ao sol, possui um bronzeado fixo, mas não muito nítido. Seus dentes são extremamente brancos, graças as punições dos seus antigos donos para cada sugeira em seus dentes eram uma clara perca de valor de seus escravos  e graças a isso um pequeno trauma foi cravado em Nora.

Caracaterísticas>Corpo ( Físico e Destreza), Mente ( Percepção e Mental.) Potencial.

---Primária
Físico-        -02-Bom
Destreza-   -01-Normal

---Secundária
Percepção-  -01-Normal
Mental-       +01-Ruim      


Potencial-  -04- Ótimo


"Background"

Dentre todas as localizações daquele mundo perplexo, próximo ao pequeno vilarejo de Trynt e a tão renomada Yonia , em um dos grandes campos daquela área um grande fazendeiro fazia seu nome crescer por toda a região, um homem comum qualquer que apenas tivera sorte na vida e por isso tenha se destacado e enriquecido a custas de outros, um homem conquistador que sempre esbanjava um sorriso simples no rosto, mas nem por isso era um homem ruim, só nunca tinha encontrado um real motivo para viver, já tinha sido um pequeno garoto mimado e sonhador, mas agora era como se estivesse morto, por mais que seu sorriso forçado negasse isso, era um grande senhor de escravos, um homem reconhecido por todos. Com o tempo seus negócios só tenderam a crescer, cultivando e vendendo seus produtos para os vilarejos vizinhos enquanto sua família aumentava, com a mulher com que fora destinado a casar por sua família desde a sua infância, vivia uma vida neutra, graças a luxuria e posses que possuía não podia dizer que era um homem infeliz, mas querendo ou não, aquilo não era tudo, não para si, era um homem que ao meu ver não possuía sorte, apesar de todas as coisas que o dinheiro e poder poderiam comprar, nunca tinha provado o gosto do verdadeiro amor, nem se quer sabia o significado dessa palavra, iria morrer sem isso, sem saber sobre o que sua avó sempre lhe falou, tinha aceitado isso. Sua vida estava fadada a terminar da maneira mais extravagante e ilógica possível, morreria incompleto e ao finalmente depois de anos sem saber o que lhe faltava, infeliz.

Entretanto, o destino desse homem não era perecer assim. Talvez tivera nascido sortudo demais ou apenas fora aclamado com a benção das boas rezas direcionadas a ele por sua avó materna aos tão famosos deuses, quem sabe? Naquele mundo incomum e maltrapilho, abaixo do seu próprio nariz, em um dia comum, ele avistou a única pessoa que poderia mudar tudo do seu mundo. Dentro de sua própria propriedade grandiosa uma mulher comum era iluminada pelos raios de sol, uma mulher comum que esbanjava um enorme sorriso branco graças as folhas da árvore que ele criava ali e a felicidade que não poderia ser a de uma escrava, era impossível, mas ocorria ali, na sua frente, a mesma imagem que gravará em sua mente por dias, meses e que sempre que a lembrava o fazia perguntar o motivo daquela pessoa com destino traçado e irremediável era tão feliz, por que ele mesmo não poderia ser assim? E da própria inveja, ele obtinha a resposta da própria pergunta e se surpreendia ao perceber que faria anos que não sorria com pura sinceridade, o homem entrava em choque e era como se toda sua realidade fosse mudada de maneira súbita, ele poderia jurar-se, ao auge dos seus 48 anos que estava morto, depois de viver por tanto tempo não tinha feito nada além de se satisfazer e brincar de família. Foi quando decidiu mudar, visitava a grande casa de escravos todos os meses para conversar com aquela mulher, as escondidas, mas aos poucos fora se intensificando, as visitas se tornavam mais comuns e quando parava porá perceber, todos os dias ia aquele local para ouvir as histórias de sua vida escrava e para contar a própria, estava enfeitiçado, preso, mas de uma maneira boa, ele  sabia o que era, por mais que não pudesse assumir publicamente, poderia assumir dentre quarto paredes, dentre todos os lugares que ele procurou o que encontrou seu objetivo estava ali tão perto, por toda sua vida. Daquele amor proibido por montanhas de dinheiro e luxo, uma criança nasceu. Um garoto que fora nomeado com um nome simples, mas que seria gravado na mente daquele velho homem como a luz de sua felicidade verdadeira que nunca pudera encontrar, a imagem de um herdeiro que nunca poderia ter nada além do seu verdadeiro amor e afeto, uma criança que nascera de um amor proibido mas que era a imagem do sentimento puro e mútuo que aquele velho homem e jovem mulher sentiam entre si, seu nome? Nôra. Nome do seu falecido avô paterno, nome do herói do seu pai o homem que tivera a coragem de largar aquele mundo preto e branco para tentar sua sorte nos confins da vida de um hunter em busca do seu puro sonho de conhecer cada lugar e espaço daquele vasto mundo! O homem que teria a mulher que lhe contara histórias do sentimento e das aventuras que agora ele poderia viver, mesmo tarde, vivia, pela primeira vez em sua vida, ele poderia garantir a si mesmo, estava vivo, mais do que nunca.  

Nôra desde seu nascimento fora uma criança saudável, tinha herdado os pontos positivos de cada gene, era um garoto sorridente e animado, travesso, esguio, esperto e principalmente impulsivo, era um garoto que desde pequeno tinha os instintos apurados acima de uma média comum, era inteligente e conseguia desenvolver as ideias mais inesperadas possíveis principalmente para fugir de um castigo bem dado por sua mãe, mas além de tudo era uma criança feliz. Nôra viveu sem saber quem era seu verdadeiro pai, foi um pequeno escravo mimado que dentre poucos pode dizer que realmente teve uma “boa vida”, era a única pessoa permitida dentre sua classe a entrar na casa dos seus “donos” e fazer daquele lugar seu pequeno espaço particular permitido pelo próprio dono da propriedade, se ele ficasse apenas na área da cozinha escondido de todos, era uma dos poucos homens que ele conhecia que realmente pareciam se importar com ele, aquele homem velho, não importava a hora que chegasse naquele lugar sempre o alegrava com histórias velhas e promessas bestas que ele nunca iria poder realizar, não que o garoto se importasse por mais que soubesse sua realidade não custava sonhar e era uma das coisas que era especialista, desejar. Mas Nôra não era uma exceção, na verdade, por algum motivo era tratado ainda com mais rigidez pelos seus “patrões” em quase tudo que fazia por mais que fizesse uma pequena besteira era levado aos tão famosos açoites, geralmente, sempre era tratado com raiva, ainda mais graças a sua personalidade única e estranha, sempre que podia tomava o lugar dos outros em suas punições e fazia o que podia para proteger aqueles que nem se quer conhecia, seu corpo rachava e sua mente se fortalecia com isso, seu corpo era surrado e desde pequeno já era cercado de cicatrizes, tendo mais do que muitos homens adultos do seu povo. Porém, ele cresceu fechando os olhos para isso, por mais que fosse diferente e não soubesse o motivo para isso sempre se igualava a eles e por mais que passasse por exceções como aprender a ler e escrever, trabalhava dia e noite amarrado as correntes que lhe prendiam a realidade fatídica que tinha, fisicamente e principalmente psicologicamente, era alertado por sua mãe todas as noites a não se acostumar com tudo aquilo, com toda aquela farsa e prioridades, um dia tudo iria acabar, o garoto ignorou, como podia, seu maior erro, fora assim por toda sua infância, uma vida solida e inconstante, mas que estava fadada a mudar.

Aos seus sete anos, tudo mudou, naquele ano sua vida seria jogada de pernas para o ar e seria moldada a formas que ele não conhecia, a fraqueza humana e o que ela pode levar. Tudo começou naquele dia incomum, uma chuva forte rondava a região, nada muito impressionante, fato que apenas facilitaria mais uma das numerosas fugas do pequeno escravo para a casa grande que tanto gostava de ir, naquele chão lamacento e ardiloso ele sentia em seus pés nus o gosto de estar vivo, naqueles poucos dias em que aquele local inteiro ficava vazio, ele podia dançar, abrir os abraços e saborear um pouco de todos os desejos que internamente possuía, dentre eles o mais poderoso e intenso da verdadeira liberdade. Naquele seu mundo que basicamente se resumia apenas a ele e as plantações que lhe cercavam seu corpo era banhado por um estase incomum, o seu sorriso desafiador era tomado por um rosto triste e pela primeira vez em sua vida o vazio de não possuir um pai era sentido, de não pode enxergar mais fora daquele lugar, aquele sentimento estranho que o levava ao chão, escondia suas lágrimas que podiam ser confundidas pelas próprias gotas da chuva em seu corpo, ele perdia suas forças e depois de muito tempo suas forças se esvaiam e naquele chão úmido Nôra desmaiava e era levado a perguntar a se mesmo quem era, quem o trouxe para o mundo e principalmente se era verdadeiramente amado por seu pai como sua mãe sempre dizia, se seu destino era morrer ali, naquele lugar pequeno e fechado aprisionado aquelas correntes, eram coisas complicadas demais para uma criança pensar, coisas complicadas que o levavam a um pesadelo sólido e vivido, pela primeira vez era açoitado com um chicote de ferro e sua própria mente era a propulsora, quando olhava para trás um homem segurava o chicote coberto com seu sangue e do seu rosto escorriam lágrimas intensas, era como se a cada chibatada a dor sentida pelo homem que segurava o objeto fosse maior que a sua, era inquietante, sufocante, intenso, realista. Mas ele acordou, quando estava prestes a voltar chorar pela dor própria e também a do homem, acordou, seu corpo molhado sentia o frio do ar que entrava por um porta de madeira qualquer, estava em uma cama confortável como nunca tinha estado e graças a esse pequeno prazer demorara a perceber, as pontas da cama uma garota aparentemente mais velha que Nôra uns poucos anos estava ali, encostada, dormindo sobre os lençóis com uma feição evidente de preocupação, ele não a acordou, ficou ali parado a observando dormir, até a hora que a mesma pequena garota acordou, era o mínimo que poderia fazer. Ao passar 15 minutos a pequena abria seus olhos azuis e encarava Nôra com seu sorriso enorme e sem jeito no rosto, o mesmo que lhe passava uma sensação de alívio e conforto, naquele rosto cansado era evidente as lágrimas que derramava por ele por mais que nunca tivessem se falado, era uma garota diferente das que estava acostumado a conhecer, a garota que passava uma sensação confortante e a primeira que o fazia sentir como o velho homem sempre lhe falou, leve, animado, porém mais do que tudo isso, invencível, implacável. Ele não sabia o que estava acontecendo com ele, mas a partir daquele dia, sua vida estava rodando em uma roleta que um final trágico seria um motivo para se comemorar, a roleta do seu destino era incitada a rodar e ao parar, lhe mostraria um final impossível em que seria apresentado a ele o verdadeiro significado de medo.

A partir daquele dia as coisas em sua vida mudaram, eles passaram horas conversando entre si, Nôra e Mikaela, ensinando coisas e contando histórias de uma vida que apenas cada um poderia ter, foi o começo de uma amizade que levaria ambos a um mundo inimaginável. O tempo passou, extremamente veloz diante daqueles quatro olhos que quando separados sentiam-se cada vez mais vazios, mas quando juntos enchiam o mundo do outro de luz e sorrisos, uma sensação nunca sentida antes, as visitas tardias de Nôra se tornavam cada vez mais frequentes por mais que a dificuldade para vê-la fosse se tornando cada vez pior, algo que o garoto nunca chegou a contá-la, por mais que a pequena garota já soubesse e de conversa em conversa, dia em dia, noite em noite, anos de vida lhe foram tomados de forma súbita, os anos das vidas de cada um daqueles dois que passaram mais rápidos do que nunca, mas sem dúvidas os melhores, antes desconhecidos, agora eram muito mais do que simples amigos, pelo menos queriam ser, um tornava-se a asa do outro, eram a liberdade que o outro não poderia ter, era a vida que nunca poderiam almejar do lado que nasceram e por mais que tudo corresse ao contrário, além de suas próprias posições, seus genes os negavam, sabendo disso ou não, tudo aparentemente indicavam ser filhos do mesmo pai. Porém, guiados pelo desconhecido o sentimento dos mesmos evoluíram, Mikaela era um ano mais velha que Nôra levemente mais experiente e curiosa, era uma garota decidida que sempre conseguia arrancar as coisas que queria a força e não foi diferente com o garoto, daquele sentimento puro que eles sentiam um pelo outro sensações e desejos incomuns despertaram, duas crianças conheciam o mundo adultos juntas, debaixo dos lençóis de um quarto qualquer, guiados puramente por instinto e vontade, poderiam se dizer loucos, mas naquele momento, ao fim daquela noite sem fim e única eles poderiam jurar que suas asas tinham levados ambos a um paraíso que não era possível chegar sozinho, se conheciam da forma mais inesperada possível e naquele dia se tornavam um, era o disparar da roleta, tudo estava para acontecer, todo o mundo seria mudado, eles querendo ou não. Dessa forma tendo mais e mais noites como aquelas, Nôra completou seus 16 anos e pouco depois disso todas as coisas começaram a se mover. Ele poderia jurar que tinha achado algo diferente naquele dia, o céu rubro como a cor do próprio sangue lhe chamava a atenção, mas não deveria ser nada demais, aquele dia fatídico em que os rumores que rondavam a região de Trynt seriam confirmados naquela pequena fazenda, mas não seria apenas isso que traria a miséria a Nôra, naquele dia que o sol lhe iluminou mais cedo que o comum, graças a inquietação sentida pelo garoto, ele era movido pelo desejo de encontrar a única mulher que poderia lhe saciar e afastar daquele medo incompreensível, ao entrar na casa, via-se cercado e principalmente via a imagem de uma mulher de roupas finas e rosto belo que nunca tinha visto em sua vida, era a mulher casada com o homem velho que tanto lhe visitará, sua feição demonstrava fúria e ódio, o garoto poderia jurar que mesmo dentre os escravos nunca teria visto tamanha vontade por sangue no rosto de um ser humano, era tarde demais, quando percebeu a imagem de Mikaela em prantos já estava sendo levado a força pelos guardas da casa, seu corpo forte tentou remeter-se contra todos aqueles braços enquanto sentia as próprias lágrimas serem arrancadas dos olhos com a mera imagem da garota que amava em estado semelhante, seus punhos cansados se debatiam e mesmo assim nada pode fazer, era fraco demais e pela primeira vez podia entender o que aquele velho homem que sempre ia lhe visitar queria dizer:

“Por mais que pareça eterno de uma forma ou de outra tudo terá um fim, cuidado Nôra... Existirá momentos que seus punhos não poderão alcançar seu objetivo, em que suas costas não vão aguentar as chicotadas, você terá que esperar e aprender com isso, aprender que nem sempre seu poder é suficiente para bater suas asas, sozinho e voar! ”

Enquanto era arrastado a força, aquelas palavras ecoavam em sua mente fazendo as lágrimas escorrendo por seu rosto se intensificar, mesmo passando por tanta coisa em sua vida, caçado e vivido cada segundo dela como se fosse o ultimo, não poderia dizer que tinha sentido dor maior, era amarrado ao grande tronco de madeiro ao centro da plantação com as costas expostas enquanto podia ouvir o choro de um homem velho, era o mesmo de sempre, carregando o chicote negro em suas mãos preparando para começar o maior dos castigos que poderia ter. As chibatadas eram certeiras e fortes, a dor que sentia em seu corpo poderia finalmente chegar aos pés do que sentia dentro do seu peito, mas não era simplesmente pela força do movimento, mesmo que de relance, Nôra poderia ver seu tão chamativo pesadelo se realizar, o homem velho chorando com cada chibatada fazia-o sentir pior, o castigo parecia durar uma eternidade, mas não durou nada mais que 30 minutos, foi o suficiente para saciar a mulher que sorria de forma maníaca ao lado do pequeno homem a receber tamanho tratamento especial, era uma louca e não tinha a menor vergonha disso.

Nôra foi deixado ali, por todos, queimando no sol enquanto era forçado a lembrar de todas as coisas que pudera fazer em sua vida, as poucas risadas baixas lhe atacavam enquanto a dor ia se saciando com o parar dos seus movimentos, por algum motivo seu corpo já estava acostumado a apanhar, querendo ou não era uma escravo e não tinha como fugir desse destino, não deveria ter. Porém, naquela única noite tudo foi mudado, pouco depois do cair da noite o garoto ser libertado gritos emanaram da casa principal, gritos atormentados que traziam o medo esbanjado na lua sangrenta a iluminar aquela noite tenebrosa, mesmo praticamente imóvel, apenas por preocupação e medo de perder a pessoa mais importante da vida dele seu corpo se mexeu, entre os passos e tropeços numerosos o jovem garoto conseguia entrar pela cozinha onde tinha a chave especial de sempre, mas aquele lugar não era o mesmo, o cheiro forte de sangue era percebido enquanto seus olhos viam a imagem de membros soltos pelo cômodo da casa o sangue extenso entre um membro e outro era a marca de um assassinato brutal. Naquela pequena fazenda isolada eles não tiveram como obter a informação de que poderia haver um monstro dentre os humanos e naquela noite, naquele lugar isolado, as suspeitas eram confirmadas pela visão turva do garoto de uma criatura de pele rugosa e chamativamente escura sobre a mulher que tanto amava, gemendo de medo, tentando o máximo possível manter-se calada em baixo dos lençóis branco que tanto conhecia, não era tarde demais. Nôra segurava uma faca de cozinha entre as mãos, tremulo e com medo, se fosse qualquer outra pessoa ali já teria corrido e fugido já que a criatura estava ocupada demais brincando com sua caça, era uma sensação estranha e aos poucos as palavras que escutara quando era pequeno eram tragas a sua mente pela voz do velho que lhe visitara, palavras engraçadas e sem lógica na época, mas que agora o arrancariam um sorriso e lhe davam a confiança e sorte que precisara, as palavras se repetiam em sua mente e num sussurro baixo pra si mesmo ele as recitava:

“Sempre saia de uma briga vivo, Nôra, não importa o motivo ou do que lhe chamaram por isso, aquele que sobrevive é aquele que terá a chance de tentar novamente e conseguir, me prometa. Você só poderá quebrar essa promessa em um único caso... Só se ponha em risco para proteger a vida de outra coisa, não importa se você não souber o significado disso agora, mas na hora saberá, na verdade você sempre o faz! É o meu pequeno orgulho...  Por mais que pareça contraditório e louco, você saberá... Espere por esse dia e você terá que lutar inúmeras vezes, diversas vezes. Afinal, é trabalho de um homem proteger tudo aquilo que ama. Então viva e faça outros viverem com você, faça com que eles sejam as suas asas que você tanto deseja ter para sair dessa prisão! ”

E dos tremores e loucura momentânea, seu corpo agiu antes mesmo que seu peito pudesse novamente voltar a bater, o cheiro de suor do seu rosto descriminava sua presença naquele lugar para a criatura de pele estranha e pelos brancos por parte do corpo, dentre os segundos que passavam retardados aos seus olhos conforme se aproximava da besta ele entenderia o sentido das palavras que tanto ouvia repeti-se e repeti-se inúmeras vezes em sua cabeça, ele sabia a inutilidade do seu ato ao primeiro contato entre os seus olhos e o do monstro, mas nem por um único segundo seu corpo levou-se a recuar ou se quer pensar nisso, já era tarde demais, mas bem mais do que isso, sua verdadeira liberdade estava em jogo, a liberdade que apenas os sentimentos de esta perto de Mikaela poderia sentir, então o tempo voltou ao seu padrão, a mão da criatura se voltava em direção ao seu corpo com muito mais velocidade do que a faca que carregava em punhos, era um destino traçado que não poderia remediar, sua memória o levou até ai. Era sempre a parte que parava ao tentar lembra-se da inutilidade dos seus altos desesperados, mas cheios de amor, enquanto a imagem de uma Mikaela em prantos e gritando coloria seus ouvidos com uma voz preocupada, mas reconfortantemente salva, ativa. Não sabia se era apenas uma ilusão do seu corpo, ou se a loucura do momento tinha o levado a isso, ao final de tudo entregava seu corpo cansado e olhos fechados o que eles mais desejavam, entrega-se ao descanso que talvez nunca mais fosse acordar.

Mas para sua felicidade momentânea e tristeza futura seus olhos se abririam novamente, entre as primeiras piscadas rápidas a dor em seu corpo e principalmente em sua mente lhe lembrava do que tinha passado a pouco tempo atrás, desesperadamente seus olhos percorriam o local novo e deixava passar despercebido os detalhes de uma casa de palha e das faixas brancas que cobriam boa parte do seu corpo, era obvio o que procurava, ignorando qualquer fonte infernal de dor em seu peito, costas e todas as partes que você pode imaginar Nôra se moveu, guiando-se puramente por seus instintos mais selvagens, no quarto ao lado, observando a janela com uma vista bela de campo estava lá, brilhando aos seus olhos cobrindo suas pernas com os lençóis brancos que tantos lhe remetiam aos dias felizes passados ao seu lado. Mikaela virou-se lentamente, seu rosto branco tonalizado apenas pelo brilho dos poucos filetes de lágrimas, encontravam os olhos cansados e exaltados do garoto estirado ao chão e de sorriso terno, com aqueles olhos brilhosos e confusos que Nôra apenas ignorou. As forças momentaneamente voltava ao seu corpo e antes que percebesse era anestesiado pela sensação de felicidade e vitória que sua ação sem sentido tinha lhe trago e saltava em um movimento único em direção a moça, lhe abraçando forte enquanto segurava algumas poucas lágrimas nos olhos por mero orgulho, porém, para sua surpresa algo tinha acontecido, algo tão ruim que o faria remete-se a todas as ações e dores que forçou seu corpo e coração a aguentarem, as palavras chegavam ao seus ouvidos trazidas por uma voz gentil e singela, as forças ganhas eram retiradas com juros e antes que percebesse sentia seu rosto ser gelado pelas lágrimas que escorriam conforme sua cabeça assimilava as palavras:

“Obrigada... Pelos seus ferimentos você deve ter sido o herói que me salvou daquela coisa... Obrigado por socorrer uma estranha em desespero, naquela situação... Obrigada por ter me dado uma chance de viver e aproveitar a liberdade que eu sempre quis... Que você sempre quis! Muito mais do que eu... Não serei mais um peso pra você... Não serei a única amarra que lhe prende aquele lugar! Obrigada por me salvar de tudo aquilo, Nôra... mostre a mim, a todos, que um pequeno escravinho pode mudar o mundo... Como você fez com todos aqueles homens que julgavam seus sacrifícios por eles sem sentido, depois de tantas vezes, eles perceberam os valores de suas ações e sem permiti que você visse, levavam as punições em seu lugar! VocÊ os mudou! Sozinho! Você foi a asa deles, Nôra... Você foi a minha... Então... Voe! Pra o mais longe que suas puderem lhe carregar! Viva... Algum dia, vamos nos encontrar. Eu prometo! Só... Sobreviva até lá!  ”

Por mais que tentasse entender de uma outra forma, aquele olhar incerto e entristecido, mas feliz da moça denunciava a notícia dada, ela iria partir e ele não poderia fazer nada para negar isso, talvez fosse o melhor para a situação, mas não para ele que egoistamente queria tudo de volta, de forma antagônica, de uma forma egoísta pela primeira vez pensava  em questionar seus próprios princípios, mas entendia o peso daquelas palavras. Sem mais forças para continuar erguido, seu corpo ruía sobre as pernas da moça por mais um dia, quando acordou era o único na casa e sem uma única pista se quer ela sumia de sua vida em busca de seus sonhos e consequentemente lhe libertando de tudo. Seus olhos vibravam em um choro intenso, seu corpo ruía de tanto fervor e seu sorriso brilhava de uma forma única carregada de uma felicidade tênue de que estava finalmente na linha de largada para lutar por si mesmo, estava sozinho, mas livre de tudo. Estava cansado, mas feliz. Estava carregado de hematomas, mas seu corpo vibrava de empolgação. Enquanto saia da casa carregava a carta escrita por Mikaela com suas últimas palavras, um último presente, uma ultima lembrança:

“Busque pelo Exame Hunter! Ache cada fragmento que precisa para decifrar esse enigma! Ou simplesmente esqueça disso e vá conhecer o mundo que você sempre desejou... De qualquer forma, Nôra... Só se lembre que... Nossos destinos devem está ligados por algo maior, isso não é uma amarra que nós prende ao outro, é uma ponte de ligação que vai fazermos nos encontrar um dia... Uma última coisa... Lembre-se do que você me ensinou... Faça o que puder, o que desejar, para quando chegar a hora de sua morte... Você não tenha arrependimentos. Até mais, Nôra!”
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